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//vivências ECOSS nos PALOP

Colaboradores são parceiros. No ECOSS, o eixo da formação e intercâmbio, mobiliza ações de vivências e de formação continuada de gestores, técnicos e educadores com ênfase nas Recomendações do Marco de Ação de Belém (CONFINTEA VI, 2009) tais como planejamento e gestão de políticas públicas, alfabetização e educação de jovens e adultos, produção de materiais didáticos, dentre outros, e na implementação no Brasil da lei 10.639/2003 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Mariana Melo (UNILAB)

Fui à África apenas uma vez, em missão pelo ECOSS/UNILAB, quando visitei Cabo Verde e Guiné-Bissau. A África é um continente que sempre habitou minha imaginação e  estimulou minha curiosidade, talvez por minha formação como bióloga e minha paixão pela literatura africa, concretizada através das palavras de Mia Couto, Eduardo Agualuza e Pepetela. Como seria de se esperar, minha imaginação é influenciada pelo descendentes de africanos com quem convivi aqui no Brasil e também pelos diversos clichês que a gente internaliza e repete sem se dar conta.

Cabo Verde me impressionou por seu povo. Um povo sorridente e alegre, que tem uma garra que vi poucas vezes. Não é à toa que estão conseguindo implementar mudanças importantes e gerar melhorias sociais e desenvolvimento num país praticamente sem recursos naturais.

Guiné-Bissau é um país mais pobre que passou por guerras até recentemente e que ainda é bastante instável politicamente. Há ainda muitas ruínas e muitas construções em processo de reconstrução. As crianças guineenses me impressionaram bastante por sua curiosidade em olhar aquele grupo de estranhos circulando por suas vizinhanças.

Paulo Carrano (UFF)

Em fevereiro de 2012 tive a oportunidade de integrar, na condição de professor da Universidade Federal Fluminense, a missão de cooperação internacional da Rede ECOSS coordenada pela UNILAB. Durante o ano de 2011 realizamos reuniões com parceiros africanos e nacionais com fins de estabelecer objetivos comuns e organizar a rede internacional de cooperação sobre a Educação de Jovens e adultos com os PALOPs. Em fevereiro de 2012 viajamos em missão de 13 dias para Cabo Verde e Guiné Bissau. Foi minha primeira experiência de visita a países africanos. A  África é constitutiva de nossa história, cultura e imaginário mais profundo. Viajar para esses países foi, então, ir em busca de um desejo antigo de encontrar parte significativa de nossa brasilidade e também me defrontar com as representações, nem todas fiéis ao real, que a distância, geográfica e simbólica, cristaliza em cada um de nós ao longo de nossas vidas.

O que mais me chamou a atenção na viagem foi o reconhecimento da impossibilidade de definir os países visitados simplesmente como “africanos”, tal a diversidade de cores, gentes, modos de ser e histórias com as quais nos deparamos em tão curto período de tempo. Em alguma medida, as fotografias que produzi tentam retratar este encontro com o diverso e o choque do real com as minhas representações sobre a África. A viagem ocorreu no contexto de exploração de fontes (orais, escritas e audiovisuais) e espaços socioeducativos que pudessem se constituir como porta de entrada para o desenvolvimento de pesquisa e produção de vídeo-documentário sobre a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Popular nos PALOPs. Através de contatos que antecederam a viagem consolidamos um roteiro de visitas e entrevistas que orientou nossos passos na missão. Com a filmadora, estive quase todo tempo envolvido em filmagens e entrevistas. As fotografias, pode-se dizer, foram produtos dos intervalos de filmagens. Imagens secundárias, mas nem por isso menos significativas e expressivas dos encontros felizes que a missão em Cabo Verde e Guiné Bissau produziu para mim. Gosto de fotografar em relação de proximidade, de troca de olhares e compreensão de meu gesto e intenção fotográfica por parte daquele ou daquela que é fotografado e fotografada. Nem sempre isso foi possível dada a velocidade dos acontecimentos e a referida produção fotográfica em condições de trânsito entre as filmagens. De qualquer forma, registros foram feitos e dão o seu testemunho do encontro entre o meu olhar sobre a África que, em alguma medida, já não pode e não quer ser o mesmo. Sim, e lembrando Paulo Freire, a África segue ensinando a gente.

Javier Alejandro Lifschitz (UNIRIO)

Se a unidade linguística é condição para a construção da Nação, como entender as configurações políticas e culturais de muitos países da África?; Como os sistemas educacionais africanos afetam e são afetados pela pluralidade linguística?; Como as línguas nativas se reproduzem fora dos sistemas educacionais?; Quais foram e são os diferentes sentidos que se atribui ao espaço semiológico e cultural que existe “entre” o português e a diversidade de línguas nativas?
Estas perguntas foram as que guiaram a pesquisa que realizamos em Cabo Verde e Guiné Bissau no marco da Rede ECOSS.  No contexto de essa missão, entrevistamos ministros de educação, secretários, professores, alunos e diferentes agentes vinculados à educação. Também percorrimos distintos locais, como escolas, tabankas, bairros do centros e das periferias, de forma a ter um quadro bastante abrangente das representações sobre a língua em três diferentes momentos da historia nacional: o período colonial, a luta anticolonial e a situação atual. Vimos que em cada um destes momentos se estabeleceu  uma configuração singular entre as línguas nativas e o português, e que isso se expressou em diferentes estratégias educacionais até o momento atual, em que se pretende uma transição a um modelo de unificação linguística.  Essa pesquisa, coordenada por Javier Lifschitz (UNIRIO), Paulo Carrano (UFF) e Jaqueline Freire (UNILAB) se materializou em três documentários que tratam sobre o tema (e que serão apresentados nesta Reunião Internacional) e um artigo em elaboração em que discutimos diferentes posicionamentos perante o multilinguismo e as propostas de uma língua oficial e nacional.

Hilton da Silva (UFPA)

​Minha contribuição para a missão do Projeto ECOSS fez-se através dos conhecimentos antropológicos que tenho acumulado sobre a realidade contemporânea de diversos países africanos nos quais estive, que permitiu colaborar no mapeamento das ações do Projeto in loco, e apoiar as discussões sobre formação continuada no contexto da EJA em Angola e com outros parceiros durante a V Oficina. Também participei na coordenação da produção de material audiovisual sobre EJA no contexto da cooperação Sul-Sul e sobre a V Oficina, a partir de uma perspectiva da antropologia visual. Para isso realizei entrevistas em vídeo com quatro lideranças sobre EJA e membros de Organizações Não-Governamentais que trabalham com educação de jovens, adultos e mulheres em situação de vulnerabilidade em Angola e fiz imagens do trabalho de pesquisa da equipe em diversos locais.

Ainda durante a missão, tomei parte e/ou dirigi a documentação em vídeo de todas as atividades realizadas (cerca de 18 horas de gravações), realizei 1080 fotografias, coordenei a guarda e preparação de back up de todo o acervo audiovisual coletado, colaborei no levantamento de dados para pesquisas do ECOSS e na identificação de materiais para alimentação do Portal da Rede ECOSS. Todas as atividades foram realizadas sob orientação da Coordenação do Projeto e o material coletado será usado para a edição de vídeos sobre as atividades da equipe em Angola, sobre a V Oficina, sobre EJA no contexto dos países africanos e na preparação de exposições fotográficas/multimídia, virtuais e ou físicas, na perspectiva de disseminar amplamente os resultados do Projeto.​

Jacqueline Freire (UNILAB)

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